19 de junho de 2014

Sem pingo de sangue

A culpa é sempre do árbitro. Não é mania nossa, é fado cantado e apregoado. Não vale a pena insistir que se calhar aquelas chuteiras rosa e azul cueca não se deviam ter metido entre as pernas do senhor alemão. Nem que o cabelo estupidamente grande devia estar rapado para evitar o contacto craniano. Ou que. Ou que. Não vale a pena. Mas (adversativa essencial) o árbitro não ajuda a explicar os quatro secos e a ineficácia atacante ou da transição basculante defesa-ataque (Forgive me, Freitas Lobo, wherever you are). É preciso algo mais e ontem o País acordou com essa explicação físico-quântico-anatómica de como o corpo daqueles 11 sofreu da falta de adaptação ao clima de Salvador. 

Sem salvador que nos valha - nem o exemplo do primeiro donatário português, Francisco Pereira Coutinho - que se terá aclimatado na Bahia de Todos os Santos com crueldade e arrogância no trato, mas sem redbulls nem sabedorias de treino físico dado nas universidades - aqueles 11 sofreram o que, pelos vistos, os outros 11, de branco vestidos e vindos de uma Europa tipicamente quente, tropical e húmida, não sofreram. Bem podemos invocar Senhoras do Caravaggio ou a Virgem de Fátima que de virgens só temos esta inocente mania de sacudir a água do capote e os quatro erros clamorosos do jogo. E não, escusam de sonhar que receberão das mãos da Gisele, 33 anos, 1,80, brasileira de Três de Maio, porque, meus caros, também ela tem sangue germânico. Lá está: quente, tropical e húmido. Para melhor se adaptar, claro, ao clima do seu Rio Grande do Sul.


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