21 de julho de 2014

“Show de bola”

Desculpem, mas ainda estou de ressaca do Mundial do Brasil vencido - e bem - pela Alemanha. Recordo-me de todos os campeões do mundo desde que me lembro de ser gente e ver futebol, que é como quem diz, desde o Espanha/82.
2014 - Alemanha; 2010 - Espanha; 2006 - Itália; 2002 - Brasil; 1998 - França; 1994 - Brasil; 1990 - Alemanha; 1986 - Argentina; 1982 - Itália. Já resultados e finalistas derrotados não os consigo escrever a todos sem ir ao Google, confesso.
Serve este intróito para, provavelmente, comprovar a teoria de que “dos fracos não reza a história”. Claro que todas as regras têm excepções e é de uma excepção que vos lembro.
Em Espanha, precisamente no primeiro Mundial de que tenho memória viva, fiquei fã de uma selecção que não ganhou o Mundial nem à final chegou. Tinham o meio-campo mais fabuloso que já vi jogar à bola (Toninho Cerezo, Socrates, Falcao e Zico) e ainda havia Luisinho (que jogou no Sporting em final de carreira), Júnior ou Éder, por exemplo.
Este Brasil de 1982 jogava e encantava - era o chamado “futebol-arte” - mas tinha dois pontos fracos: o avançado “matraquilho” (Serginho) e especialmente o guarda-redes frangueiro (Valdir Peres) que, aliados a alguma desorganização táctica, impediram que os favoritos no papel materializassem em campo essa vantagem.
Foi “show de bola”: União Soviética (2-1), Escócia (4-1), Nova Zelândia (4-0), Argentina (3-1). Depois chegou a Itália. À canarinha bastava o empate para chegar às meias-finais mas, para surpresa de todos, os transalpinos de Paolo Rossi (matador), Zoff (inacreditável guarda-redes) e Tardelli (inesquecível a celebração daquele golo na final) levaram a melhor (3-2) num jogo de loucos, tremendamente intenso e bem jogado.


O Mundo ficou em choque, a Itália acabou por vencer o torneio, os melhores não ganharam mas provou-se que a imortalidade chega com as vitórias - claro - mas também com algumas derrotas especiais, como esta.
Ainda hoje se pede que o Brasil regresse a esta matriz de jogo. Não foi com Scolari e não será, seguramente, com Dunga, o seu pré-anunciado sucessor.

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